quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Wilhelm Reich

Uma pessoa que na época esteve a frente da tentativa de fundir a prática comunista com a libertação sexual foi Wilhelm Reich, um discípulo de Freud. Reich via a opressão sexual como um dos grandes males do capitalismo, uma das principais formas pelas quais os trabalhadores eram mantidos dóceis e respeitadores da ordem. O sexo, afirmava ele, era uma força potencialmente libertadora e inquietante. Para serem verdadeiramente revolucionários deveriam libertar-se da opressão sexual. O Partido Comunista, ao mesmo tempo em que educava os seus membros em teoria e atividade política, deveria libertar sexualmente os seus militantes.

Reich, que foi um membro do Partido Comunista nos anos 20 (ele foi expulso em 1929), tinha uma influência particularmente na liga da juventude comunista. Novos recrutas deveriam ler O Estado e a Revolução de Lenin e libertar-se de seus "grilos sexuais". Somente pessoas liberadas sexualmente na teoria e na prática poderiam ser verdadeiramente revolucionárias. O socialismo era o fim da vida familiar monogâmica imposta.

As idéias de Reich adequavam-se ao período do início dos anos 20, quando a onda revolucionária estava em pleno ascenso. Pelo ano de 1929, as atitudes tanto na Rússia como no movimento comunista internacional estavam mudando.

Mas mesmo no ápice de sua influência, havia sérias debilidades nas idéias de Reich. Ele tendia a enfatizar soluções individuais para os problemas de sexualidade reprimida, em parte uma continuação de Freud, uma tendência que se desenvolveria ainda mais com seu rompimento com o Partido Comunista. Ele também tinha uma visão mecânica da sexualidade. Para Reich o orgasmo era algo tangível, uma forma de energia como o calor ou luz. Na verdade ele acreditava que o orgasmo soltava um brilho azul! A libertação era vista como sendo liberação dessa energia.

Porém, mais importante que tudo, Reich nunca rompeu com a teoria dos estágios de desenvolvimento sexual de Freud. Tanto para Freud como para Reich, o ser humano nasce com a capacidade de conseguir prazer sexual de praticamente qualquer fonte, uma sexualidade amorfa que a sociedade direciona e condiciona socialmente. Entretanto, esse processo era visto como se se desenvolvesse de forma linear. A sexualidade se desenvolveria através desses estágios. A saúde de uma pessoa ou de uma sociedade era julgada a partir desses estágios. Para Reich, o capitalismo limitava o desenvolvimento sexual dos indivíduos pela imposição da família e pela repressão do prazer sexual.

Mas nessa teoria, a homossexualidade era um dos estágios através dos quais todas as pessoas deveriam passar. Lésbicas e gays eram vistas como pessoas presas em um estágio sexual inicial - sua "libertação" seria "progredir" para a heterossexualidade. A homossexualidade seria uma regressão. Isso levou Reich a vincular a ascensão do nazismo com a opressão sexual e a homossexualidade.

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